quarta-feira, 4 de abril de 2012

COMÉRCIO INTERNACIONAL & PAZ

Em 1776, no clássico “Riqueza das Nações”, Adam Smith - com a sapiência que a história só reconheceria na posteridade – afirmava que “os conflitos entre nações seriam empurrados para um canto esquecido por exércitos de empresários que atravessariam as fronteiras com o único objetivo de negociar e potencializar suas vantagens comparativas”. Mundo ideal, que descortinava um cenário internacional unido pelo comércio e que, de certo modo, antecipava alguns dos aspectos positivos do processo de globalização que se solidificaria mais de duzentos anos mais tarde.

Em 2009, levadas pelo turbilhão da crise do sistema liberal-capitalista, as exportações mundiais declinaram pouco mais de 12% com relação ao ano anterior, enquanto que o Brasil emplacava amargos 24%%, um tropeção acre na sua corrida para ganhar os mercados mundiais. Mas, o que mais chama atenção é que, revertendo um quadro histórico - as trocas além fronteiras normalmente crescem com uma velocidade sempre superior à taxa de evolução do PIB - foi o comércio internacional que cooperou para empurrar para as trevas o crescimento da economia mundial, que teve uma queda de quase 3%.
E, no presente? Bem, de qualquer modo, parece que o paciente iniciou, entre trancos e barrancos, o árduo processo de recuperação, aparecendo aqui e acolá alguns tímidos sinais de que o pior parece já ter passado. E, nesse período de luzes e sombras, os principais atores que evitaram o apocalipse da economia mundial, foram a China, a Índia e os países da América do Sul.  Sem esquecer que o Brasil também deu uma mãozinha!

É importante lembrar que, nos tempos tumultuados de nosso caminho para o futuro, tanto a ONU- Nações Unidas - como a OMC – Organização Mundial de Comércio - insistem na importância do intercâmbio comercial como instrumento decisivo para a manutenção da convivência pacífica entre os povos e o fortalecimento dos caminhos para o crescimento sustentável, pelo menos do ponto de vista econômico. Confirmando isso, recente estudo das Nações Unidas demonstra uma correlação direta entre comércio, desenvolvimento e paz, onde se verifica que quando existem laços comerciais fortes, as controvérsias são suavizadas pelo predomínio de interesses comuns e os índices de desenvolvimento não param de subir.
Em tempo: Hoje parece que Argentina está rumando no caminho contrário desses
preceitos, abrindo passagem para contestação dos benefícios da aliança comercial com seus parceiros do Cone Sul.
Vale enfatizar que, nos últimos anos e confirmando essa visão, um dos aspectos mais destacados no crescimento do comércio mundial foi o fulminante aumento da participação internacional dos países asiáticos - liderados por China, Índia, Coréia do Sul, Malásia, Filipinas Singapura, etc. - numa das regiões tradicionalmente mais conflituosas do globo, que tanto aumentaram dramaticamente seu intercambio com os países atlânticos, senão que também multiplicaram o comércio entre seus vizinhos do Pacífico.    
Onde, sem dúvida, o caminho da harmonia foi azeitado pelo comércio que acelerou o movimento do circulo virtuoso da paz.


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