sexta-feira, 13 de abril de 2012

O MERCOSUL À DERIVA


O ex-presidente espanhol Felipe González, um dos maiores incentivadores de um acordo de Livre Comércio entre a UE –União Européia – e o MERCOSUL, afirmou a necessidade de um “esforço de construção de uma nova ordem internacional para o Século XXI, onde espaços supranacionais como a União Européia e o MERCOSUL, poderiam configurar uma nova forma de governabilidade mais equilibrada, mais cooperativa e mais solidária”. O que reforça a idéia que os países do Cone Sul podem trazer uma contribuição muito mais importante para amenizar e solucionar os problemas latentes em cenários que hoje apresentam um elevado potencial de instabilidade. Daí, nunca é demais reiterar a imperiosa necessidade de uns sólidos entrosamentos entre os parceiros da “Grande Aliança do Cone Sul”, Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, deixando evidente que a região pode trazer uma significativa contribuição política como zona segura e estável, garantindo assim uma posição e uma voz respeitada no panorama mundial.


O dito pode ser considerado um chamado à reflexão a aqueles – e aqui temos que destacar negativamente a Argentina cujas atitudes nos últimos tempos passam por altos princípios e acordos que deram origem e sustentação à união desses quatro países - que esquecem os benefícios do MERCOSUL, provados e comprovados ao longo dos últimos 20 anos, no altar dos interesses de lobbies poderosos, de políticos desnorteados e de tecnocratas ufanistas sem maior comprometimento com a real importância do
processo de integração regional.

Todos devem entender que não é o momento para que um choque de interesses, nem sempre muito claros quando colocados sob o prisma do bem comum, que venha agregar à região um contencioso de conflitos econômicos que, entre outros malefícios, pode vir a confirmar a velha idéia de que “os países da América do Sul não são confiáveis”.  E que, automaticamente, emperram as negociações cruciais atualmente realizadas nos âmbitos da UE, do Pacto Andino das grandes nações da Ásia, as quais, num futuro não muito distante, devem incluir os blocos da bacia do Pacífico.

Para o resto do mundo, resulta essencial que o MERCOSUL possa seguir mostrando que se esforça por manter uma área de desenvolvimento exemplar, de comércio intenso e aberto, de estabilidade, de paz e que não fraqueja na busca do equilibro social e a qualidade de vida, legitimas aspirações de seus povos.

Os danos de uma possível volta para trás no processo de integração e de futura formação de um Mercado Comum são substancialmente maiores que as diferenças existentes, todas passíveis de negociação. Sem esquecer que o processo de consolidação do MERCOSUL obriga a ultrapassar dificuldades internas que podem emperrar negociações que serão vitais para dar o formato à convivência internacional desta parte do mundo nas próximas décadas.



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