quinta-feira, 19 de abril de 2012

UM PREÇO MUITO ALTO

Nossa civilização pode tanto ser definida como a última etapa da rebelião dos gênios da energia, tal como a conhecemos e usamos negligentemente nos últimos 300 anos; ou como o degrau inicial da utilização massiva de tecnologias ambientalmente não agressivas para produção daquilo que podemos, com toda propriedade, apelidar como o sangue vital de nossa era: a energia.
A base de geração de riqueza do “sistema” que, desde nosso nascimento, aprendemos naturalmente a aceitar como definitiva e intocável - é assim, não pode mudar, faz parte – tem como princípio a extração de materiais fósseis - basicamente, carvão e petróleo – não renováveis, finitos, exauríveis, concentrados, sujos, agentes de poluição e geradores de todo tipo de perversidades.
A história é muito esclarecedora, revelando que através dos tempos essa dupla sinistra deixou um caminho de iniqüidades, crimes, ditaduras, monopólios, guerras, conflitos intermináveis, doenças, trabalho subumano, enfim, no dizer popular, “são do mal”. E, de um modo ou outro, a expansão e a essencialidade de seu uso foram suficientes para justificar e encorajar a cobiça, a falta de escrúpulos, a ânsia de poder, os conflitos armados, as aventuras territoriais, a paixão pela riqueza e muitos preconceitos que, em parte, contribuíram para moldar econômica e politicamente nosso planeta.
Depois, surgiu o “último grito” da tecnologia, que usa cinicamente a carapuça de “energia limpa” como justificativa para a construção de quase 500 usinas nucleares pelo mundo fora, esquecendo convenientemente as conseqüências terríveis dos presumíveis acidentes – Three Mile Island, Chernobyl, Fukushima são lembretes conhecidos – e puxando para debaixo do tapete as montanhas de resíduos nucleares que, mais cedo ou mais tarde, cobrarão da Terra sua conta na duração e a qualidade de vida das gerações do próximo Século. Ou antes?
De tudo isso, estamos matando o planeta por desleixo, incompetência e interesses de alguns grupos – não esquecer os políticos! - insensíveis às verdadeiras necessidades de nossa civilização.
Quero lembrar, apenas como registro, que os dois países responsáveis pela emissão de mais de 65% dos gases poluidores são a China e os EUA, que têm no carvão a fonte de 75% e 50% de sua geração de energia elétrica, respectivamente. E são também os maiores consumidores de petróleo, devorando 40% da produção mundial!
Já que pelo que nos consta ninguém está bombeando de volta petróleo para as entranhas da terra, temos que aderir, nem que seja por simples questão de tentativa de sobrevivência, às energias alternativas – derivadas, do vento, do sol, da água, do etanol e de diversas outras fontes renováveis e não poluidoras.
Essas fontes, que para a 2ª. metade deste Século serão a parte fundamental de uma nova forma de dominar a ciência de produzir energia têm, em geral, algumas coisas em comum: 1) receberam, recebem e continuarão a receber a oposição – aberta ou dissimulada – das grandes empresas multinacionais que extraem seus lucros fabulosos das formas tradicionais de produzir, processar e distribuir energia das fontes não renováveis; 2) são descentralizadas; 3) podem ser usadas sob medida às necessidades dos usuários; 4) suas matérias primas básicas não podem ser objeto de monopólios; 5) podem ser implementadas em qualquer lugar do planeta; 6) devem gerar investimentos fabulosos nas próximas décadas.
São, essencialmente, um grito de liberdade no caos do modelo de civilização de nosso tempo.
Em tempo: Até 2020, o Brasil pretende ter 20% de sua matriz energética derivada de novas fontes renováveis, com destaque especial para a energia eólica.

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