quinta-feira, 31 de maio de 2012

SOCORRO! AQUI A TERRA! (2)



Duas gigantescas e aterradoras “ilhas de lixo”, maiores que a superfície conjunta dos estados de M. Gerais, S Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, vagam no meio das correntes do Pacífico Norte e do Atlântico Norte que, é bom lembrar, são as áreas do planeta mais beneficiadas pelo desenvolvimento econômico global.
Esse amontoado insano é uma sanção da natureza para o consumismo desenfreado, a guerra do packaging, a irresponsabilidade daqueles que lançam seus detritos nos oceanos e a omissão dos governos que não impedem práticas abusivas contra o meio ambiente.
O que confirma as conclusões do Relatório 2012 do Clube de Roma, que tem uma previsão sombria para a virada da metade deste Século e adverte: “A humanidade poderá não sobreviver se mantém o ritmo de consumo atual e a visão em curto prazo que justifica o presente modelo econômico”
E que o homem é um predador nato. E mais ainda desde os primórdios da moderna era industrial - que já está próxima de emplacar os 300 anos-quando a base de geração de riquezas que aprendemos naturalmente a aceitar como essencial para o desenvolvimento e o bem estar humano, tem como alicerce o uso indiscriminado de materiais fósseis - basicamente, carvão e petróleo.

Através dos tempos, essa dupla sinistra deixou um caminho de iniqüidades, crimes, ditaduras, monopólios, guerras, conflitos intermináveis, doenças, trabalho subumano, enfim, no dizer popular, “são do mal”. E, de um modo ou outro, a expansão e a essencialidade de seu uso foram suficientes para justificar e encorajar enxurradas de ambição, de falta de escrúpulos, de ânsia de poder, de questões de estratégia militar, de aventuras, de paixão e de preconceitos que, em parte, contribuíram para moldar politicamente nosso planeta.

O que nos leva afirmar que toda a saga civilizatória dos tempos modernos foi construída sobre materiais finitos, exauríveis, poluidores, extraídos das entranhas do planeta, aos qual o “homem civilizado” acrescentou alegremente, no auge de sua fúria devastadora, um longo inventário de tropelias cinicamente resguardadas por interesses ilegítimos, entre as quais guardam duvidosos lugares de honra, a poluição dos rios, as queimadas, a devastação das florestas e a invasão predatória dos santuários naturais.

De tudo isso, estamos matando o planeta por desleixo, incompetência e interesses dos donos do sistema de geração de riqueza.

Esses, os interesses, acobertados na ambição e na insensibilidade, são os escudeiros fiéis dos males que podem destruir o futuro das gerações vindouras e fazem muito menos ameno o presente de nossa civilização

Rajendra Pachauri, presidente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU, enfatiza: “Sem um pacto global, a Terra vai enfrentar as conseqüências da elevação das temperaturas, o que vai resultar na extinção de espécies de plantas e de animais, na inundação de cidades costeiras, em eventos climáticos extremos, em secas e na disseminação de doenças. As evidências são muito claras desses eventos catastróficos a da necessidade urgente de ações para combater o aquecimento global”.

Cientistas lembram que a última era glacial, que chegou a seu ápice 20.000 anos atrás, foi resultado de uma diminuição de apenas 5º C na temperatura média do planeta. E as mudanças climáticas de nossa era, se nada for feito, pode levar a uma apocalipse planetária em algum momento do Século XXII, mil vezes pior que a anterior, porque agora a Terra está povoada.

Mas, não podemos perder a esperança. Estamos ainda – assim esperamos – a tempo para mudar o modelo imposto pelo “sistema” que ainda defende o dogma de crescimento infinito sem dar atenção ao protesto da Mãe Natureza.

E o RIO+20 –faltam menos de três semanas – pode ser o início de um novo acordo global para a sustentabilidade deste sofrido lar de nossa civilização.


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