terça-feira, 22 de maio de 2012

SOCORRO! AQUI A TERRA!



Estamos muito próximos da Rio+20 quando as lideranças mundiais tentarão chegar a algum tipo de acordo para evitar, ou pelo menos diminuir, os riscos e os efeitos da degradação crescente do Planeta.
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Vai precisar muita coragem e visão humanista para enfrentar a verdade mais que inconveniente sintetizada no modelo vigente nos últimos 300 anos de produzir riqueza, base do dogma fundamental do sistema liberal&capitalista, incorporado solidamente a nossa “sapiência” política/econômica.

É que, na verdade, o “sistema”, firmemente apoiado na lei férrea dos mercados, sustenta que é preciso crescer continuamente, a qualquer custo, cada vez mais, e mais, e mais... sem limites. Oba! Mais consumo, mais riqueza, mais uso dos recursos naturais. E - nunca está demais para dar uma mãozinha - muita desconfiança, insegurança, violência, discórdia e conflitos sangrentos, tudo para manterem aquecidos os mercados de segurança e de armamentos. Que são componentes muito importantes no modelo vigente.

Mas, a grande contradição desse tipo de desenvolvimento econômico – que incorporamos sem questionamentos ao saber convencional, ou seja, todos aceitam seus pressupostos sem maiores discussões - está no fato de que, enquanto a economia busca um crescimento infinito, os recursos naturais da Terra são limitados. Exemplo: se os 80% dos habitantes do planeta quisessem manter um padrão de vida parecido aos 20% melhor aquinhoados na escala de consumo, bem, seriam necessários, no mínimo, cinco planetas Terra para atender essa demanda! Isso, hoje. Em 2050, com nove bilhões de seres humanos compartilhando bens e serviços deste conturbado mundo, temos que acrescentar mais três planetas. Seria mais que bem vindo um toque da deusa Avatar para solucionar esse dilema!

A maioria influente de políticos e de economistas - felizmente nem todos - não perceberam um fato simples que para os cientistas é óbvio: o tamanho da Terra é fixo, nem sua massa nem a extensão da superfície, variam. O mesmo vale para a energia, a água, a terra, o ar, os minerais e outros recursos presentes no planeta.

A Terra mal está conseguindo sustentar a economia existente, muito menos uma que continue crescendo", afirma o economista Herman Daly, professor da Universidade de Maryland e renomado especialista em sistemas econômicos.  Na mesma linha, C. K. Prahalad, consultor do governo da Índia, conclui que “o mundo caminha para o abismo porque, cedo ou tarde, a luta pela posse e o uso dos recursos naturais, que hoje ainda é dissimulada e administrada parcialmente pelos organismos internacionais e os governos das grandes nações, ocasionará conflitos de conseqüências inimagináveis. É necessário, com a maior urgência, começar a discutir a mudança do modelo”. 

 È mais que evidente que, não mais que seja por simples motivo político, todos os paises procuram índices crescentes de desenvolvimento, sem dar muita atençaõ aos meios para conseguirem isso. Nada mais justo para 90% dos países do planeta, se isso leva a uma melhor distribuição da renda e abolição da pobreza. Mas, na prática, o que observamos nas últimas décadas foi a concentração da riqueza em poucos países, nos quais, como é natural, grande parte de seus habitantes são condicionados a desfrutar de um ganho adequado e crescente, sem entender a existência de limites naturais nos recursos disponíveis da Mãe Terra.

Alterar o sistema de geração de riquezas passa a ser uma imposição natural. Felizmente, os primeiros passos já estão sendo dados e, pelo menos, nos questionamentos de muitos dos mais creditados fóruns econômicos internacionais e nos movimentos que defendem o meio ambiente, a pressão por uma mudança começa a ganhar força.

Mas, ninguém deve iludir-se: A luta para a construção de uma nova arquitetura econômica será longa, muito difícil, cheia de obstáculos e enfrentará a resistência tenaz dos grupos mais poderosos do planeta.

Vale lembrar, como contra ponto, as idéias defendidas 40 anos atrás por Jigme Syngie Wangchuck, então rei do Butão – pequeno país encravado nas alturas do Himalaia, espremido entre a China e a Índia – idealizador do conceito de Felicidade Interna Bruta (FIB), unindo preceitos budistas às expectativas que reservava para seu povo. Era, senão outra coisa, uma inovadora visão de que o verdadeiro progresso de uma coletividade humana surge quando o desenvolvimento espiritual e o desenvolvimento material são simultâneos, assim se complementando e reforçando mutuamente. Isso, em contraponto com o mecanismo clássico de medida da riqueza de uma nação, resumida no PIB (Produto Interno Bruto), soma de tudo o que produzido por um país, desde que possível de ser medido monetariamente.

Quatro eram os pilares que amparavam esse novo conceito: 1) A promoção de um desenvolvimento socioeconômico sustentável e igualitário; 2) a conservação e proteção do meio ambiente natural; 3) a preservação dos valores culturais; 4) e o estabelecimento de uma boa governança. Nada mais e nada menos era necessário para o crescimento da FIB e, desse modo, sustentar o bem estar e a qualidade de vida da população.

Bem, a receita pode variar um pouco de tom e importância de cada ponto, ou até acrescentar outros pré-requisitos, desde que mantidos intocáveis o respeito e a proteção, sem concessões, da Mãe Natureza.


Lembrete: O sistema atual tem na sua bagagem as manhas de uns bons 300 anos de existência. Assim, sabe muito bem como defender-se, o que anticipa as terriveis batalhas do futuro. 













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