domingo, 20 de maio de 2012

UM RECURSO PRECIOSO

No 6º FORUM MUNDIAL DA ÁGUA, realizado em Marselha, França, em Março, especialistas de mais de 140 países debateram largamente os meios para administrar mais eficientemente e evitar a crescente escassez da commodity mais preciosa do planeta, tentando propor ações e intercambiar tecnologias para evitar aquilo que os pessimistas de plantão não hesitam em batizar como “uma das causas mais prováveis de guerras na segunda metade do Século XXI”.
Esta reunião, realizada a cada três anos, teve como pano de fundo a severa advertência das Nações Unidas de que a mudança climática, o crescimento demográfico, a poluição e o uso inadequado, provocaram um aumento da pressão sobre a demanda da água disponível, o que obriga a repensar como satisfazer esta galopante necessidade que põe em risco o futuro do planeta.  
Não foi difícil para que os delegados chegassem a uma única e dura conclusão: É urgente melhorar substancialmente o gerenciamento dos recursos hídricos, sob pena de continuar reduzindo a disponibilidade de água de boa qualidade para uns 35% (2.500.000.000) dos habitantes da terra, dos quais mais de um bilhão sofrem de forma crônica da falta desse elemento insubstituível.
O presidente do Conselho Mundial de Água, Loïc Fauchon, declarou na abertura do encontro: "Os desafios são imensos e as cifras são assustadoras quando analisamos que o número de seres humanos que não têm acesso à água salubre são contabilizados em bilhões e o número de mortos a cada ano devido aos riscos sanitários é contado dezenas de milhões".

Nesse panorama desolador, cabe lembrar a excelente posição do Brasil na posse territorial do liquido vital, já que com 3% da população do planeta possui 15% de suas águas doces. Como exemplo, entre as grandes nações, a China, com 20% dos habitantes do globo, dispõe de apenas 5% da água utilizável, fazendo desse um problema sócio-político-econômico cuja solução é um dos grandes desafios do governo.
No caso do Brasil, o grande destaque é o Projeto de Integração do São Francisco, que pretende o desvio de 1,5% da vazão do rio e deve contribuir decisivamente para solucionar os problemas decorrentes da falta de água para 12 milhões (são 12 milhões mesmo, 33% da população do Nordeste!), o que deve ocasionar um impacto de grandes proporções no ambiente social, econômico e. político da região beneficiada.

Em tempo: ”político” vai por conta da perda de influência de “tradicionais coronéis das terras áridas”, que nunca deixaram de aproveitar-se das penúrias dos sofridos nordestinos para saciar seu apetite de poder. O que, por outra parte, até ajuda explicar a resistência e a demora para implantação desse importante projeto, veste por muitos como o marco inicial para a redenção definitiva da região semi-árida dos estados de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte.

Já com referência à China, um dos grandes feitos de significativo alcance social foi a antecipação para 2009 da Meta do Milênio, planejado para 2015, de reduzir para a metade a população sem acesso à água potável. E sem esconder seu orgulho, o ministro chinês de Recursos Hídricos, Chen Lei, destacou que até 2013 a meta é possibilitar que 100% (800 milhões) de habitantes das áreas rurais disponham de água potável. Tomara!

E tem mais exemplos dignos de destaque: nos últimos 10 anos, a duplicação da produção agrícola não gerou aumento do consumo de água nas lavouras chinesas! E, desde 1990, cada 10% do aumento do PIB, significaram apenas um acréscimo de 1% no consumo de água para uso industrial!

São exemplos notáveis que comprovam que o casamento da vontade política com a tecnologia e a qualidade da gestão dá excelentes resultados.

Enfim, estamos aquecendo os músculos para o Rio+20!


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