sexta-feira, 9 de agosto de 2013

OS GÊNIOS DA ENERGIA


Forças à solta

A energia, desde tempos imemoriais, é o sangue que corre pelas veias dos sistemas que preservam a vida dos seres que habitam o planeta, amenizando seu longo caminhar pela sobrevivência e a continuidade das espécies.

Na  odisseia da humanidade, desde as eras em que os músculos eram um dos principais meios para prover as necessidades das espécies, o avanço do conhecimento desse princípio-base na formação do universo levou, em particular nos últimos três séculos, a dominar os “gênios da energia”, dando assim uma contribuição decisiva para a formação da civilização de nosso tempo.

Contudo, no esforço para saciar o apetite voraz da vida moderna e apoiado na ideia - que remonta dos tempos distantes da Gênese - de que os seres humanos devem ter o domínio sobre a natureza, aconteceram excessos imperdoáveis na exploração dos meios para produção e uso da energia, quase sempre acobertados pela ânsia de ganância, o egoísmo e a vontade de manter o domínio sobre um dos componentes vitais do sistema de produzir riqueza.

Sob a guarda pretoriana de interesses poderosíssimos – e, como conseqüência, com força para corromper e impor seus desejos além de qualquer medida, – o petróleo e o carvão reinam nas entranhas da produção desse elemento essencial de nosso modo de vida e que, na contramão, ocupam um lugar destacado entre os principais determinantes do aquecimento do planeta.

A luta pela sobrevivência

A partir dessa lamentável realidade não é de admirar que o mundo tenha hoje que levar adiante uma luta decisiva contra esses assaltantes - fósseis obscuros como suas guaridas - que são um claro atentado contra a qualidade de vida da geração atual e uma manifesta ameaça para a salvaguarda das gerações futuras.
Nos últimos 25 anos, na medida de que se dissipavam as dúvidas sobre os efeitos negativos do aquecimento do globo e a certeza do perigo que isso representava para o futuro da humanidade, esforços relevantes foram realizados para tentar controlar essa conjuntura, com ênfase especial na redução da participação dos combustíveis fósseis na matriz energética, dando lugar a um aumento substancial na produção de energia “limpa” - que batizamos de “alternativa” – produzida a partir de elementos renováveis, não poluentes e não agressores ao meio ambiente.

Essa nova forma de dominar os gênios da energia tem como aliados importantes: 1) os avanços tecnológicos de produção de energia limpa, com a diminuição de custos e aumento de sua eficiência; 2) a percepção que as energias ditas alternativas são também um excelente negócio; 3)a pressão crescente de grupos e entidades ambientalistas; 4) a conscientização da sociedade pela importância da preservação ambiental e do muito que pode ser realizado no campo energético; 5) a pressão política, ciente do perigo da perda de votos (poder) caso esse clamor seja ignorado; 6) nova visão dos governos que são Interessados - direta ou indiretamente, por motivações transparentes ou condenáveis - na mudança para novas fontes que ofereçam alternativas ao petróleo e ao carvão; 7) as flutuações de preços, sempre para cima, de combustíveis fósseis; 8) o acumulo de dados científicos que comprovam que algo anda muito mal no clima da terra; 9) as constantes advertências dos organismos mais representativos e confiáveis dos legítimos interesses da humanidade - a ONU é destaque - para os perigos do aquecimento planetário; 10) o bom senso do saber convencional.

 Esses fatos não significam que, de uma hora para outra, será abandonado o uso de combustíveis fósseis na produção de energia. O cambio será (muito, mas muito) lento, gradual e enfrentará a feroz resistência dos fabulosos interesses criados encabeçados, como é lógico, pelas maiores multinacionais do mundo e pelos países que dependem desses materiais fósseis para obter uma parte importante de sua renda, dentre os quais despontam algumas das maiores economias do planeta. EUA, China, Rússia e Índia, entre outros, que tem nos combustíveis fósseis uma dão uma idéia da magnitude da tarefa.

De qualquer modo, do ponto de vista da economia global, tudo leva à conclusão que estamos no fim da energia barata, pelo menos durante as próximas décadas.

O Brasil

No panorama mundial de produção de energia podemos (orgulhosamente) afirmar que, como país, temos uma das matrizes melhor sustentáveis do mundo, com uma participação de fontes renováveis superior aos 45%, frente a uma média mundial de 13%. 

E, no caso específico da energia elétrica, excluída a geração nuclear, esse índice de sustentabilidade atinge os 85%, um recorde mundial que pode muito bem servir de exemplo e incentivo para acelerar a mutação planetária para um sistema mais amigável e indispensável para a preservação de nosso meio ambiente, base da vida de ontem, de hoje e de nossos sucessores.

A nosso favor temos, por um lado, para os motores de combustão interna, os complementos do etanol e dos bio-combustíveis e, por outro lado, para geração de energia elétrica, a água, a biomassa e os ventos garantem essa participação que, se depender da natureza e dos projetos em andamento, tem tudo para aumentar nos próximos anos.

msnozar@yahoo.com.br

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