sexta-feira, 23 de maio de 2014

UM PUXÃO DE ORELHAS GLOBAL



Cobiça e insensatez

Em 1948, pouco antes de sua morte, do alto de sua imensa sabedoria, o profeta da não violência e da liberdade, Mahatan Gandhi, afirmava: “A terra é suficiente grande para atender as necessidades da maioria. Mas é muito pequena para satisfazer a cobiça de poucos”.
Em recente relatório a ONU alertava, uma vez mais, sobre o perigoso abismo para o qual caminhava nossa civilização de continuar o modo suicida de uso predatório do meio ambiente, especialmente acentuado até os limites do impossível a partir dos anos 50 do Século XX.

E que, desde o início de nossa meta de crescimento sem limites como objetivo ansiado pela maioria e argumento decisivo para a conquista do poder pelos mais espertos, a exploração desenfreada da natureza foi colocada, como nunca antes, ao serviço dos anseios humanos de progresso, seja lá como isso é interpretado.

Claro, ainda que sabendo dos riscos implícitos nesse modo de agir, a sociedade organizada continuava jogando, convenientemente, o pagamento dessa fatura colossal para as gerações futuras. Mas, como o tempo é implacável, já no presente a cobrança dessa insensatez começa a exigir seu débito na forma de mudança dramática dos padrões climáticos, de mais poluição, de mais lixo, de menos segurança na produção de energia, de escassez de água e outros males correlatos o que, em resumo, significa uma queda substancial da qualidade de vista em vastas regiões de nosso sofrido Planeta.

A mão destruidora

Desde os tempos bíblicos, homem é um predador nato agredindo a Mãe-Natureza por onde passa. E mais ainda: Desde os primórdios da moderna era industrial - que já está próxima de emplacar os 300 anos – a base de geração de riquezas que aprendemos naturalmente a aceitar como essencial para o desenvolvimento tem como alicerce o uso indiscriminado de materiais fósseis - basicamente, carvão e petróleo.

Através desse período, essa dupla sinistra deixou um caminho de iniqüidades, crimes, ditaduras, monopólios, guerras, conflitos intermináveis, trabalho subumano, doenças e, pior ainda, o poder e a riqueza associados a seu campo de atividades foram suficientes para justificar e encorajar enxurradas de ambição, de falta de escrúpulos e de ânsia de poder, muitas vezes dissimuladas princípios válidos de soberania, defesa nacional e questões de estratégia militar que, em parte, contribuíram para moldar politicamente nosso planeta.


Não é possível ignorar que toda a saga civilizatória dos tempos modernos foi construída sobre materiais finitos, exauríveis, poluidores, extraídos das entranhas do planeta, aos qual o “homem civilizado” acrescentou alegremente, no auge de sua fúria devastadora, um longo inventário de tropelias, entre as quais guardam duvidosos lugares de honra a poluição dos rios e dos oceanos, as queimadas, a devastação das florestas e a invasão predatória dos santuários naturais. Mas tudo sempre cinicamente resguardado no altar do “interesse nacional” e do “bem estar da sociedade”.

O futuro


É natural que a saída de um padrão predador não pode fazer-se do dia para a noite e, muito menos, sem resistências ferozes daqueles ainda aferrados tenazmente ao sistema predominante de produzir riqueza. E que, na verdade, seja por incapacidade de migrar para um novo modelo, seja por sentir seus interesses ameaçados, seja por ignorância, seja por puro egoísmo, enfim, as resistências são enormes e alimentam a corrente para “deixar tudo como está”. Sem esquecer que nesse esforço contra a sobrevivência do Planeta, marcam presença muitas das mais poderosas empresas globais, que fazem unicamente do lucro e do poder a razão de sua existência. “Duela a quién duela”.

Quem sabe a mudança salvadora venha na forma de fazer prevalecer uma ECONOMIA VERDE, definida pela ONU como “aquela que resulta em melhoria do bem-estar humano e da igualdade social ao mesmo tempo em que reduz significativamente os riscos ambientais e a escassez ecológica. Sustenta-se sobre três pilares: é pouco intensiva em carbono, é eficiente no uso dos recursos naturais e é socialmente inclusiva”.

Temos pressa! Os sinais de alarma da Natureza agredida indicam claramente que nosso tempo é dramaticamente curto para iniciar-se uma mudança drástica no sistema de produção de riqueza.









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