terça-feira, 16 de dezembro de 2014

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL


Analisando dados de 140 países, recente relatório produzido pela Universidade das Nações Unidas com a colaboração de 20 das mais prestigiosas instituições do mundo, traz à tona uma visão diferenciada do crescimento de uma nação, jogando para o escanteio a exclusividade do PIB - Produto Interno Bruto, medida tradicional da riqueza derivada da produção e o consumo de bens e serviços - do qual estamos fortemente condicionados a usar como avaliação indiscutível da importância e poder de cada nação - para colocar uma nova metodologia para avaliação do desenvolvimento econômico, chamada Índice de Riqueza Inclusiva, IWI, na sigla em inglês.

Publicado a cada dois anos desde 2012, o levantamento não se restringe a analisar o quanto aumentou o PIB per capita no período, senão que calcula o impacto na economia das mudanças em capital humano (mão de obra), capital natural (recursos naturais) e capital produzido (produção de bens e serviços) de cada país.

O capital humano - medido em níveis de educação, competências e habilidades - é a principal fonte de riqueza do mundo, compreendendo 57% da Riqueza Inclusiva Total, de acordo com o relatório. No período analisado, 1990-2010, o capital humano cresceu apenas 8% em todo o mundo.

Já o capital natural, tais como florestas, recursos subterrâneos e outros ecossistemas, compreendem 23% da Riqueza Inclusiva Total. Nesse período, o indicador diminuiu cerca de 30%%, globalmente!

Já o capital (tradicional) produzido per capita, que compreende 20% da Riqueza Total, cresceu cerca de 30% nesses 20 anos.

Sob esse ponto de vista, existem disparidades gritantes entre os dois sistemas: por exemplo, enquanto a PIB mundial cresceu 50% entre 1990 e 2010, o IWI evoluiu apenas 6%. Valores que, no caso do Brasil, alcançam, respectivamente, 40% e uns minguados 2%!

Apenas para registro: nesse lapso, os indicadores tradicionais per capita de Estados Unidos, Índia e China, cresceram respectivamente 33%, 155% e 523%. Já quando o desenvolvimento sustentável é analisado, a riqueza inclusiva desses países teria crescido 13%, 16% e 47% nesse período. Complementando: entre as grandes nações, a taça de ouro cabe à China, graças ao extraordinário desenvolvimento de seu capital humano.

Na contramão, muitos países tiveram desempenho negativo quando avaliada a evolução do IWI, como o Equador, onde o PIB per capita aumentou 37% e a riqueza inclusiva caiu 17%. A economia do Catar quase dobrou de tamanho (alta de 85%) segundo a medição tradicional, mas o IWI apresentou queda de 53%.

"O relatório desafia a perspectiva limitadora do PIB. E também destaca a necessidade de integrar a sustentabilidade na evolução econômica e no planejamento de políticas públicas", afirmou Partha Dasgupta, professor emérito de Economia da Universidade de Cambridge e um dos responsáveis pelo estudo.Olhar além do PIB e adotar um Índice de Riqueza Inclusiva internacionalmente é fundamental para que a agenda de desenvolvimento sustentável pós-2015 se ajuste aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU", acrescentou Dasgupta.

 Num cenário mundial competitivo até a irracionalidade, onde todos procuram ficar no pelotão da frente, custe o que custar, é necessária uma mudança radical na forma de produzir riqueza.

Quem sabe pensar no desenvolvimento sustentável como uma tarefa fundamental no longo prazo para o bem-estar da humanidade, enfrentada com seriedade e perseverança. E esforçar-se por seguir a trilha indicada nos princípios do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), sintetizado na Economia Verde como a fórmula ideal para mover as engrenagens da riqueza e da sustentabilidade global, que pode ser assim definida: È aquela que resulta em melhoria do bem-estar humano e da igualdade social, ao mesmo tempo em que reduz significativamente os riscos ambientais e a escassez ecológica. Ela tem três características preponderantes: é pouco intensiva em carbono, eficiente no uso de recursos natural e socialmente inclusiv

Nenhum comentário:

Postar um comentário