terça-feira, 24 de março de 2015

AS GARRAS DO DRAGÃO


Em 2014, o volume de empréstimos da China para os países da América Latina foi superior á soma dos desembolsos do FMI (Fundo Monetário Internacional) e do BID (Banco Interamericano. de desenvolvimento). Ou, em outras palavras, os países da região continuam afastar-se gradualmente das fontes tradicionais de financiamento, lideradas por EUA e Europa, passando a receber fundos chineses para levar adiante seus projetos. Isso, se outra coisa não é, significa uma reviravolta no perfil de influencias externas da região, o que abre caminho para mudanças mais profundas no terreno econômico e político internacional nos próximos anos.

Uma coisa é certa: Pela sua eficiente atuação nos países da América Latina – aqui o Brasil é peça chave – já pode afirmar-se que a China na atualidade ocupa a mesma que posição que EUA desfrutavam no início do Século XX. Porém, com uma grande diferença: Sem ocupação de territórios, guerra, imposições ou violência, apenas negociações e ajuste de interesses, entremeados com generosos acordos de cooperação do poderoso país do Pacífico.

Na sessão de apertura da primeira do Fórum China-CELAC (Comunidade de Estados Latino Americanos e do Caribe), o presidente chinês, Xi Jinping, revelou que a China deverá investir 250 bilhões de dólares na região nos próximos dez anos. Nesse período, o comércio bilateral, deverá atingir um mínimo de 500 bilhões de dólares, 120% a mais que as cifras de 2014.

Tudo isso é coerente com a inteligente atuação do dragão chinês nos últimos dez anos, até aproveitando o período em que uma ventania tempestuosa sacudia as estruturas de nações ricas e poderosas, especialmente EUA, Alemanha, Reino Unido e Franca e, por isso, deixando a China livre para levar adiante uma ofensiva mundial para ocupar os espaços deixados pelos outrora “donos do mundo” e provar que é um país confiável, forte e que busca a paz, a amizade e a harmonia entre as nações. E que hoje, do alto de seus quase quatro trilhões de dólares de reservas, é a único que tem a bolsa cheia para investir, financiar e comprar. 

Em soma, atentos às inúmeras carências dos países da região e aos ensinamentos históricos, afirmam sua vontade de cooperação, concretizando negócios, assinando acordos, realizando investimentos, enfim, de todos os modos possíveis, tentam provar que China é um parceiro “do peito” nos momentos difíceis.

Sem dúvidas, na América Latina, no jogo de xadrez da geopolítica internacional, ocupam espaços vitais com a visão da importância estratégica da região, especialmente em relação às matérias primas, alimentos, água, biodiversidade e mercados.

Dezenas de acordos e convênios balizam as relações China-América Latina, cobrindo campos como biotecnologia, energia, agricultura, educação, comércio, novos materiais, transporte, turismo, etc.
Ao mesmo tempo, os investimentos e as empresas chinesas não param de chegar, tanto aproveitando as imensas oportunidades dos países emergentes da América Latina como abrindo novos caminhos na competição global por mercados e negócios.

Claro, sem deixar de cutucar os EUA, seu mais próximo adversário para ocupar o primeiro lugar como potência econômica e militar, acenando, entre outros grandes projetos de impacto, a possibilidade de colaborar intensivamente numa ligação Atlântico-Pacífico através de Nicarágua, numa via férrea Brasil-Perú pela Amazônia e numa ligação fluvial pelo Centro-Oeste entre os rios Amazonas e Prata. 

Está acontecendo. Se continuar, vai significar uma mudança revolucionária na América Latina, voltada do Atlântico para o Pacífico, que poderá ser plenamente concretizada na década de 2030.





Nenhum comentário:

Postar um comentário