Há mais de 30 meses que as vendas brasileiras para o
exterior tropeçam na tirania dos mercados cada vez mais competitivos e difíceis
de satisfazer. No entanto, isso não é suficiente para explicar o insucesso de
nosso comércio exterior – nossas exportações sequer são suficientes para cobrir
as importações – senão que devem ser analisadas como um alerta para introduzir
mudanças (radicais) em nosso sistema de vendas para o mundo globalizado, em
continua mutação e cada vez mais exigente na qualidade de gestão dos negócios
internacionais.
Passamos por um período de ouro, de 2002 até 2011, no qual o
avanço incessante dos preços internacionais de algumas commodities - entre os
quais o minério de ferro e o complexo soja são exemplos - aliados ao aumento da
demanda, onde a China joga um papel fundamental, proporcionava uma sensação de
euforia alavancada em superávits comerciais de bilhões, o que contribuía para o
a falsa sensação de que o céu era o limite para nossas vendas nos mercados mundiais.
Passar dos 256 bilhões de dólares de 2011 era fácil!
Embalados nesse júbilo, esquecemos nossas imensas falhas
tradicionais, como o excesso de burocracia, as deficiências logísticas, a
dependência de alguns poucos grandes exportadores, a falta de planejamento, a fraqueza
em aplicar princípios de marketing consagrados pelos grandes “players”
internacionais, a timidez dos incentivos oficiais e a carência de uma visão
abrangente do verdadeiro sentido e importância crucial das exportações.
Também, nesse ritmo, esquecemos que os mercados são
mutáveis, que não tínhamos nenhuma influencia sobre a demanda e os preços das
commodities - sejam agrícolas, sejam minerais - assim como, imersos em nossa
complacência pelos resultados positivos, deixamos de lado que esse era um bom
momento para celebrar mais tratados comerciais, diversificar a pauta, abrir
novos e consolidar mercados, aumentar o número de exportadores e estabelecer
metas em longo prazo. E corrigir os erros que tendem afogar nossas tentativas
para transformar o Brasil num grande participante no comércio desse mundo
globalizado pleno de desafios, é verdade, mas ainda muito mais, de
oportunidades lucrativas.
Ou seja: Em vez de praticar o aqui e agora, cuidar do amanha
e sempre! Contudo, nunca é tarde!
Nesse panorama, um
dos mais importantes pontos que podemos considerar por seus extraordinários
aspectos positivos e com efeito direto no ritmo e características de nosso
desenvolvimento, é a multiplicação de pequenas e médias empresas (P&M),
notadamente industriais, que incursionam e vendem nos mercados mundiais. E que
podem e devem somar-se ás 15.000, pequenas e médias, que já participam de
nossas vendas para o exterior.
Igualmente, é fundamental que tanto os atuais como os novos
exportadores - que precisam da audácia e coragem dos desbravadores - tenham
sempre presente alguns ensinamentos práticos que surgem da experiência e do
sucesso dos vencedores das lides internacionais, em especial os países
asiáticos, que tendo na cabeça a China saíram pelo mundo quebrando barreiras
seculares impostas pelas grandes nações industrializadas.
Todos esses vencedores das guerras
dos mercados têm em comum, pelo menos, um aspecto: utilizam eficientemente todas
as armas do arsenal do marketing internacional, aplicando ferramentas eficientes
de venda amparadas na inovação, no planejamento, na qualidade, no conhecimento
dos mercados, na qualificação das pessoas, na continuidade de esforços e na
paciência para alcançar resultados compensadores, tudo reforçado em
investimentos criteriosos e no apóio imprescindível dos governos, agora sabedores
da necessidade imperiosa de contribuir decididamente para levar adiante uma
tarefa sabidamente colossal.
Sob outro ponto de vista, temos
que estar cientes que os mercados estão em guerra permanente e que devemos
lutar com muita inteligência e garra para alcançar a vitória, traduzida em mais
exportações.
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