segunda-feira, 20 de abril de 2015

OS PEQUENOS



Com a luz vermelha piscando, o Brasil patina lastimosamente na manutenção e na geração de novos empregos, exigindo ações inovadoras para ocupar as legiões que buscam e querem participar  como atores no desenvolvimento do país que, por outra parte, está longe em registrar índices de crescimento adequados às suas  necessidades e potencialidades. 

A crise está gerando conflitos inevitáveis de adaptação a uma nova ordem de relacionamentos entre o capital e o trabalho, ambos acuados por essa nova realidade que, numa face, estabelece a competitividade como símbolo máximo da excelência empresarial com sua implacável relação custo/benefício-máquina/homem; e noutra mostra a perversidade de uma equação nefasta: menos emprego, menos renda, menos consumo; menos consumo, menos demanda; menos demanda, menos vendas; menos vendas, menos produção; menos produção, menos investimentos; menos investimentos, menos crescimento; menos crescimento, menos empresas; menos empresas, menos empregos.....É assim por diante, num “modus perpetuo” , recomeça o círculo sinistro, cuja força de atração atrai de forma insensível para o desespero e a fome uma parcela significativa da sociedade.

É claro que existem mecanismos para solução desse paradoxo da sociedade moderna. Um deles, para aplicação imediata, seria a formação de exércitos de pequenos empresários – ex empregados - que, sob a égide do empreendedorismo encontram a motivação e os incentivos necessários para constituir pequenos empreendimentos para dar asas a sua vontade de sobreviver economicamente e gerar riquezas.

Sem esquecer que a pequena empresa tem, pelo menos, duas características especialmente positivas: a) a relação capital - emprego gerado é muito pequena, ou melhor, com pouco investimento são gerados muitos empregos, o que é a fórmula ideal para os países pobres e os emergentes, como o Brasil: b) sua inquestionável capacidade de distribuir renda e assim contribuir diretamente para a melhor qualidade de vida da maioria da população.

Isso faz da pequena empresa uma fábrica de desenvolvimento socialmente sustentável e parte essencial da multiplicação dos benefícios do crescimento.

O mecanismo para promover uma revolução positiva nessa área é muito simples: a) crédito abundante, a juros compatíveis com a função social do objetivo proposto, subsidiado se preciso; b) sistema eficaz de informação de negócios e oportunidades; c) menos burocracia; d) lideranças, que em vez de gastar tempo e energia tentando achar bodes expiatórios, trabalhem com vigor e proclamem aos quatro ventos “nós podemos crescer mais, sim”. Aliás, a timidez dos gestores oficiais em tentar ações mais ousadas para acelerar o desenvolvimento apenas pode ser explicada pela pressão dos acontecimentos dos últimos meses e pela necessidade de evitar compromissos que, se não concretizados, possam pôr em risco seus altos cargos.

Ninguém pode negar que o Brasil precisa e pode crescer muito mais que esses pobres  resultados registrados nos últimos anos que, por outra parte, apenas servem para encobrir incompetências traduzidas na governança improdutiva da gestão econômica.

De resto, fica uma grande saudade do passado, lembrando as cifras auspiciosas quando após o fim da II Guerra Mundial fomos um dos países que mais cresceram no mundo, emplacando uma media de 7,6% ao ano. E, noutro ciclo nunca repetido, entre 1979 e 1973, mantivemos um patamar de 11,9%, com fabulosos 14,0% em 1973!


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