quinta-feira, 4 de junho de 2015

OS ACORDOS BRASIL-CHINA



 


 


Os investimentos e os negócios da China com o Brasil são um testemunho evidente da importância estratégica do grande país latino americano para o gigante asiático, que hoje ostenta a posição de segunda economia do mundo e, tudo indica, parte agressivamente para ocupar o primeiro lugar em algum momento da próxima década.



A recente visita do primeiro ministro Li Kequiang foi coroada com a celebração de 35 acordos bilaterais que, no mínimo, devem somar investimento de 53 bilhões de dólares nos próximos anos, que se outra coisa não significam, é uma contundente expressão de interesse pelo Brasil e da capacidade inesgotável de recursos disponíveis para afiançar um posição de vanguarda na região deslocando, paulatinamente, o lugar tradicional dos EUA conquistado, palmo a palmo, nos últimos dois séculos.



Vale assinalar que entre os projetos estratégicos contemplados, está a construção de uma via férrea emblemática: A ligação Atlântico – Pacífico, cortando o Brasil do Leste até o Oeste, atravessando o Peru, unindo o porto de Santos com o porto de Callao.
 


Na linha do tempo, desde os acordos de 1993, que sinalizaram o caminho para uma parceria mais intensa, Brasil e China, progressivamente, foram intensificando os seus diálogos e suas relações, sendo ponto de destaque a formalização de uma Aliança Estratégica em 2004.



Em 2006 inicia suas atividades a Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Coordenação e Cooperação, transformada no principal mecanismo institucional para promover uma colaboração abrangente e profunda de longo prazo. Depois, em abril de 2010, os dois países subscreveram, em Pequim, um Plano de Ação Conjunta, complementado no Rio de Janeiro, em Junho de 2012, com a assinatura do Plano Decenal de Cooperação Brasil-China, no marco da elevação das relações bilaterais à condição de “Parceria Estratégica Global”.  Atenção com o significado, ao pé da letra!



Naturalmente, nos bastidores, uma silenciosa torcida cruza os dedos para que não existam “segundas intenções” por trás das amabilidades e dos sorrisos enigmáticos dos altos dirigentes chineses que visitam com frequência calculada nosso país – assim como outros de América Latina - acenando com parcerias jamais sonhadas no passado de relações com os países ricos.

Os acordos ora celebrados pretendem consolidar e estabelecer as prioridades e projetos-chave para os dois lados para o período 2015 a 2021.


Esse tipo de planejamento de longo prazo – que goza de inegável prestigio entre os chineses - deixa de ser um projeto do Governo Brasileiro e passa a ser um projeto de Estado, com os incontáveis benefícios que isso significa.
 


Com base em tudo isso, será proveitoso refletirmos um momento sobre o sentido de Parceria Estratégica Global que, nas suas entrelinhas, inicia a sofisticada gestação de uma nova área econômica integrada que, com todo seu séquito de valores, suas incongruências e suas pressuposições ocultas, são parte de um plano ainda muito mais ambicioso, longamente acariciado pelos grandes países em desenvolvimento: A criação do Mercado Comum Sur-Sur, que terá como sócios principais Brasil, China e Índia e que, sem equívoco, será palco de uma das grandes revoluções econômicas do Século XXI.



Quando? Os discípulos de Confúcio podem guiar seu parceiro mais afoito pelos caminhos da paciência e da constância. Chegaremos lá, em 2030.. 2040...


 


 


 


 

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