Os investimentos
e os negócios da China com o Brasil são um testemunho evidente da importância
estratégica do grande país latino americano para o gigante asiático, que hoje ostenta
a posição de segunda economia do mundo e, tudo indica, parte agressivamente
para ocupar o primeiro lugar em algum momento da próxima década.
A recente visita
do primeiro ministro Li Kequiang foi coroada com a celebração de 35 acordos
bilaterais que, no mínimo, devem somar investimento de 53 bilhões de dólares
nos próximos anos, que se outra coisa não significam, é uma contundente expressão
de interesse pelo Brasil e da capacidade inesgotável de recursos disponíveis
para afiançar um posição de vanguarda na região deslocando, paulatinamente, o
lugar tradicional dos EUA conquistado, palmo a palmo, nos últimos dois séculos.
Vale assinalar
que entre os projetos estratégicos contemplados, está a construção de uma via
férrea emblemática: A ligação Atlântico – Pacífico, cortando o Brasil do Leste
até o Oeste, atravessando o Peru, unindo o porto de Santos com o porto de
Callao.
Na linha do tempo, desde os
acordos de 1993, que sinalizaram o caminho para uma parceria mais intensa,
Brasil e China, progressivamente,
foram intensificando os seus diálogos e suas relações, sendo ponto de destaque
a formalização de uma Aliança
Estratégica em 2004.
Em 2006 inicia suas atividades
a Comissão Sino-Brasileira de
Alto Nível de Coordenação e Cooperação, transformada
no principal mecanismo institucional para promover uma colaboração abrangente e
profunda de longo prazo. Depois, em abril de 2010, os dois países subscreveram,
em Pequim, um Plano de Ação
Conjunta, complementado no
Rio de Janeiro, em Junho de 2012, com a assinatura do Plano Decenal de Cooperação Brasil-China,
no marco da elevação das relações bilaterais à condição de “Parceria
Estratégica Global”. Atenção
com o significado, ao pé da letra!
Naturalmente, nos bastidores,
uma silenciosa torcida cruza os dedos para que não existam “segundas intenções”
por trás das amabilidades e dos sorrisos enigmáticos dos altos dirigentes
chineses que visitam com frequência calculada nosso país – assim como outros de
América Latina - acenando com parcerias jamais sonhadas no passado de relações
com os países ricos.
Os acordos ora celebrados pretendem consolidar e estabelecer as prioridades e projetos-chave para os dois lados para o período 2015 a 2021.
Esse
tipo de planejamento de longo prazo – que goza de inegável prestigio entre os
chineses - deixa de ser um projeto do Governo Brasileiro e passa a ser um
projeto de Estado, com os incontáveis benefícios que isso significa.
Com
base em tudo isso, será proveitoso refletirmos um momento sobre o sentido de Parceria Estratégica Global que, nas suas entrelinhas, inicia
a sofisticada gestação de uma nova
área econômica integrada que, com todo seu séquito de
valores, suas incongruências e suas pressuposições ocultas, são parte de um
plano ainda muito mais ambicioso, longamente acariciado pelos grandes países em
desenvolvimento: A criação
do Mercado Comum Sur-Sur, que terá como sócios principais Brasil, China e Índia
e que, sem equívoco, será palco de uma das grandes revoluções econômicas do
Século XXI.
Quando?
Os discípulos de Confúcio podem guiar seu parceiro mais afoito pelos caminhos da paciência e da
constância. Chegaremos lá, em 2030.. 2040...
Nenhum comentário:
Postar um comentário