terça-feira, 22 de setembro de 2015

A SOMBRA DO DRAGÃO I

Um tremor preocupante

Há pouco mais de dois séculos, Napoleão já afirmava: “Deixai a China dormir que quando acordar o mundo tremerá.”.     
   
Não tem passado despercebido para alguns observados mais argutos que essa visão profética do Herói da França se ha cumprido plenamente nos últimos anos, quando foi a China a nova e poderosa potencia mundial que emergiu inesperada e impetuosamente dos confins do Oriente para pôr de barbas no molho os “grandes” que cresceram para ocupar a cume do poder global a partir de 1950, os EUA na cabeça secundado por seus fiéis seguidores, Alemanha e Japão.

No presente, a diminuição da taxa do desenvolvimento da China para algo muito próximo dos 7% ao ano - valor ainda substancialmente maior que aquele registrado pelas grandes economias do planeta, mas ainda assim longe dos espetaculares 10-12% com os quais traçava o rumo de uma trajetória que lembrava a grandiosidade do Japão na 2ª. metade da década de 1960 - desperta uma enxurrada de interrogantes: Será que esse é o indicador de uma aterrissagem forçosa?  Será que chegou o fim do milagre chinês? Será que esse e o princípio do fim definitivo dos altos preços das commodities, que foram parte fundamental do crescimento da America Latina – o Brasil, especialmente – na década passada? Afinal, para onde vai a China? Qual será o efeito de uma queda sensível de seu ritmo de crescimento sobre a economia global, em particular sobre os países em desenvolvimento? E no Brasil, como seus negócios serão afetados com um eventual declínio de seu principal parceiro comercial e fonte fundamental de seus investimentos de longo prazo, sacramentado no acordo Brasil-China de 2012-2021?

No meio da algazarra dos economistas de plantão pretendendo profetizar o futuro, normalmente errados e longe da verdade, os complacentes dirigentes chineses afirmam em total sintonizar: “Podem confiar. A China continuará a crescer e contribuir decisivamente para o desenvolvimento da economia mundial”. 

Uma profecia cumprida

 Num olhar atento, o Século XXI parece seguir firme na senda profetizada pelo então presidente da Coréia do Sul, Park Chung-hee´s, quem já asseverava, em 1980, na conferência de apertura da (ASEAN) – Associação de Nações do Sudeste Asiático: "O Século XXI será o século do Pacífico. Desde já, as poderosas nações ocidentais podem preparar-se para uma revolução que sacudirá os alicerces da economia mundial e mudará, quem sabe para sempre, o equilibro do poder”.

Proféticas palavras! Catapultados pela “nova revolução econômica da China”, iniciada em 1978, e no meio do turbilhão econômico que balizaram as décadas seguintes e que estavam mudando as regras do jogo do poder, passou quase despercebido que o caminho seguido na  terra do dragão não assinalava apenas uma mudança nos padrões de participação nos fluxos internacionais do comercio, mas, fundamentalmente, a conclusão de todo um processo histórico de edificação de um mercado, no qual Ásia estava lutando, com paciência moldada por milênios, para ocupar o lugar principal.

Vale lembrar, por outro lado, que o fator China é decisivo para explicar essa expressiva mudança que se desloca do Atlântico, liderado por Europa/EUA, para a imensidão do Pacífico, onde desponta, indiscutivelmente, um novo poder planetário, respaldado por mais da metade da população mundial que não esqueceu – a memória dos orientais, como suas tradições, são sabidamente muito maiores que aquela arquivada pelos ocidentais – do longo e sofrido período, que teve seu auge nos Séculos XVIII, XIX e parte do XX, de dominação sob o pesado domínio e exploração dos “diabos brancos de olhos azuis”.

O que confirma que tudo muda, apenas não sabemos quando.··.

Nenhum comentário:

Postar um comentário