terça-feira, 29 de setembro de 2015

A SOMBRA DO DRAGÃO II


 A primeira potencia

Lembrando a previsão feita pelo Banco Mundial em 2014, Joseph Stiglitz,  Prêmio Nobel de Economia em 2001, Diretor do Departamento de Economia da Universidade de Columbia, New York, autor de fama mundial e crítico agudo do sistema liberal-capitalista, em recente estudo publicado no New York Times afirma: "A China entra em 2015 na primeira posição considerando o poder de compra* onde provavelmente ficará por um bom tempo, senão para sempre. “Desta forma, volta para o lugar onde esteve ao longo da maior parte da história humana”.

Ou, sob tal enfoque, os 1.360.000.000 chineses – dos quais 750.000.000 na área rural – podem ser avaliados como o maior mercado consumidor do mundo. Enfim, de qualquer modo, é um modo de liberar-se da camisa de força da medição tradicional da riqueza, proporcionando a cada país um lugar  mais de acordo com sua real potencialidade.

 Por outra parte, isso pode ser considerado também como uma chamada geral para que mais empreendedores-exportadores,  dotados de visão, audácia e coragem, avancem na construção de laços de negócios com o grande país asiático – que desde 2013 é o maior parceiro comercial do Brasil – e aproveitem as oportunidades criadas por uma sociedade ávida por novidades e por usufruir das “delicias do consumo”, onde o Made in Brasil –e ­isto não pode ser esquecido - tem a força de uma marca muito bem recebida e prestigiada pelos clientes das terras do dragão.

* O "PPP"  (Poder de Compra) estima o PIB com base no real custo dos preços e serviços, como se todos os países tivessem uma moeda comum, e não nas taxas de câmbio, que são voláteis e dão um peso desproporcional para quem tem moeda forte. É ponderado como uma medida muito mais adequada da produção anual da riqueza de uma nação.

Uma história reveladora

Faz pouco mais de uma geração que eram contados os economistas que se atreviam apostar que a China poderia um dia situar-se entre as maiores economias do mundo. No início década dos 80, no principio da corrida para o futuro da era Deng Xiaoping, pesava fortemente em contra de qualquer visão mais otimista tanto o pesado fardo dos tempos de Mao – morto em 1976 – assim como o preconceito de ser um país comunista que, no imaginário divulgado pela CIA, seus dirigentes comiam criancinhas no café da manhã.  Ainda, para fazer mais tenebroso o quadro, exibia terríveis deficiências econômicas e sociais. E mais: era muito longe, pouco conhecido, escondido pelo véu obscuro dos mistérios do Oriente e, para agravar, abrigando a maior massa de excluídos e famintos do mundo.

Mas, nos últimos 30 anos, para assombro dos céticos e olho gordo dos tradicionais donos do poder, numa corrida brilhante para o progresso – a história econômica do planeta não registra outro caso igual- já no início da segunda década do Século XXI a China alcançaria a posição da segunda potência econômica do mundo – na medida tradicional do PIB, que leva apenas em conta a cotação da moeda nacional com relação ao dólar - e somaria um conjunto impressionante de sucessos econômicos, políticos e sociais suficientes para deixar de barbas de molho os EUA, líder habitual dos recordes planetários.

E tudo alcançado a partir da visão e da liderança firme de Deng, artífice máximo na construção de um novo sistema de desenvolvimento, denominado “socialismo de mercado” ou “capitalismo no estilo chinês”.

Que, no final das contas, deu certo!



  


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